22.2.12

O FIM DA ZONA FRANCA DE MANAUS SE APROXIMA. Por @_ArthurVirgilio

O FIM DA ZONA FRANCA DE MANAUS SE APROXIMA. Por @_ArthurVirgilio





O empresário Eike Batista, o brasileiro que se tornou um novo Midas internacional, pretende instalar no Rio de Janeiro uma fábrica de telas de LED. A Consumer Electronics Show (CES), famosa fei...ra mundial de eletrônicos, em Las Vegas (EUA), realizada em janeiro, mostrou inúmeros e avançados modelos de Smart TVs, enquanto forte lobby nacional tenta inclui-las na lista dos bens de informática. São patadas logísticas, tecnológicas e mercadológicas que podem abreviar em muito as previsões mais otimistas quanto à sobrevivência da Zona Franca de Manaus (ZFM).
É comum ouvir, quando se fala na necessidade de mudar o patamar de investimentos no Amazonas, o argumento de que "temos tempo". Viradas como as apontadas acima, quando inseridas no contexto do incentivo federal à indústria de tablets fora de Manaus, mostram que pode não ser assim.

O Polo de Eletroeletrônicos continua sendo o mais robusto da ZFM, apesar de toda a concentração de fábricas de motocicletas na capital amazonense. Só o segmento de componentes para TV foi responsável, por exemplo, em 2011, por 21% de toda a importação do Amazonas. A maior parte disso? Telas de LED.

Quando Eike Batista acena com a construção de uma fábrica de LED no centro de consumo brasileiro, localizado no eixo Rio-São Paulo-Minas, dá um golpe fortíssimo no coração da ZFM. Nenhuma prorrogação de incentivos fiscais, ainda que venha por 200 anos, será capaz de deter a avalanche de produtores em direção a esse fornecedor. Quando o Governo Federal resolveu tirar da ZFM a inserção de novas tecnologias, compartilhando-a com os demais Estados, provocou o início da debandada. Reverteu a tendência de concentração em Manaus.

Há necessidade de vigilância política, mas, sobretudo, é preciso iniciar de imediato a estruturação logística que permita diminuir o chamado "custo Manaus", hoje muito elevado pela carência de portos, incertezas quanto ao aeroporto e ausência de ligação rodoviária – ferroviária então, ninguém sequer ousou pensar.
Só para lembrar, a China, que fica do outro lado do mundo, consegue colocar em São Paulo um contêiner mais barato que os oriundos de Manaus.

A realidade é que a ZFM está sob risco iminente. O fim começou lá atrás, quando fomos tirados da onda da modernidade, mas pode acelerar e bater às portas dos trabalhadores amazonenses antes de quaisquer medidas compensatórias. Em outras palavras, a primeira indústria de fármacos do Amazonas, com escala realmente industrial, não terá tempo para produzir riquezas antes que o tsunami da fábrica de tela de LED carioca atinja o Estado.

O Governo Federal, preocupado com seus projetos de eternização do poder, tem feito pouco caso do sofrimento causado pelo sangramento progressivo do modelo de desenvolvimento da Amazônia Ocidental. Sofre a economia. Sofrem os governos estaduais e as prefeituras. Sangra o Meio Ambiente, com a ameaça de desemprego de exército de mão de obra que fatalmente se voltará para a exploração da floresta. Sofre o povo.

A ZFM é uma questão de razão e sensibilidade. Diária. Indormida. Sem isso, a vida dela se esvairá mais rápido que possamos imaginar.

*Diplomata

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