8.12.09

Fé, Revolta e Sacrifício.

Fé, revolta e sacrifício são a essência da vida com Deus. Fé lembra o profeta Habacuque e sua época em que Jerusalém estava cercada por Nabucodonosor e a destruição era iminente. Seu livro tem apenas três capítulos e começa com uma pergunta: por quê?
E quem de nós, pelo menos uma vez na vida, também não perguntou por quê? Por que uma criança nasce com defeito? Por que um raio cai do céu e destrói a casa de um pobre? Por que uma bala perdida, numa comunidade carente, mata uma criança inocente? Por quê?
E Habacuque, em suas reflexões, no profundo do seu coração, cunhou uma sentença bela e estupenda que só podia vir de Deus: "O meu justo viverá pela sua fé." Mais não se podia dizer.

Em um mundo injusto, com tantas desigualdades, só a fé é capaz de garantir a vida. Sem ela, somos atormentados por dúvidas e temores; hesitantes, um sal sem sabor; uma nuvem sem água, vagando pelos céus; uma onda do mar levada pelos ventos; um morto-vivo.

Naturalmente, a fé causa uma revolta contra isso tudo e constrói com sacrifício a vitória derradeira. Esse caminho estreito e apertado foi o que Deus traçou para o surgimento da Igreja Universal.
O bispo Edir Macedo, quando jovem, frequentou uma igreja evangélica na zona sul do Rio de Janeiro por cerca de 10 anos. Seu desejo era pregar, mas os líderes não viam nele qualquer virtude ou talento, qualquer expressão que chamasse a atenção. Nem sequer teve a oportunidade de servir como obreiro. Dez anos não são 10 dias. Outro teria desistido. Outro teria desanimado. Não ele. E a razão era a fé.
Movido pelo desejo de servir a Deus, ele e dois amigos foram para uma igreja no subúrbio. Eu era apenas um menino nessa ocasião, mas recordo que lá também o pastor fez a mesma avaliação. Passado algum tempo, consagrou os outros, mas não o bispo. Mais uma vez ele era colocado de lado, excluído, diminuído, enfrentava o preconceito, o desalento e a frustração. Outro teria desanimado. Outro teria desistido.
Um dia, estava almoçando na casa da minha avó quando ele entrou. E me permita aqui quebrar, de leve, o protocolo para fazer uma pequena lembrança, uma honrosa menção àquela senhora extraordinária. Um inesquecível exemplo de renúncia, dedicação e amor.

O bispo vinha avisar que deixaria o emprego para pregar o Evangelho. Ele já era casado, tinha uma filha e a esposa estava grávida da segunda. Um gesto de fé extrema para quem era desacreditado por todos. Para uma família humilde como a nossa, um emprego público, como o dele, representava a garantia de uma vida livre do desemprego. Minha avó apenas ponderou: "Não deixe de pagar o instituto para garantir a aposentadoria quando envelhecer."

Quando assisto a essa orgia histérica dos insultos mais torpes, esse ódio neurótico, essa perseguição implacável, esse dilúvio de injúrias, infâmias e calúnias contra o bispo e a Igreja, capazes que são de publicar, com a mais equivocada convicção, o maior dos enganos, a tese tresloucada de que ele engendrou uma fórmula para explorar os pobres, lamento com profunda amargura. Certamente, não conhecem a Igreja Universal, quem somos, de onde viemos.Pode ser que em alguma de nossas igrejas, seja no Brasil, na África, na Europa, na Ásia ou em qualquer parte do mundo, alguém, algum dia, tenha colocado sobre o altar um sacrifício tão grande quanto o dele, maior não. Ele ofereceu tudo que tinha, o próprio emprego sem qualquer garantia, sem qualquer esperança, senão por fé.

Passado 1 mês, nasceu sua segunda filha e fui pela manhã visitá-la no hospital do Iaserj. Ela havia nascido com lábio leporino e bebês assim são magrinhos, com olheiras, com o rosto deformado. Uma ferida aberta na boca, sem uma parte dos lábios, com uma fenda no céu da boca, o que torna impossível a amamentação, pois não conseguem fazer sucção, engasgam e padecem muito. Foram dias, meses, anos de um sofrimento atroz.

No caminho de volta, da praça da Cruz Vermelha até o Largo da Glória, caminhando ao longo da rua do Riachuelo, cada passo era uma lágrima. Como Habacuque eu perguntava: por quê? Por que um homem pobre, mas dizimista fiel, no momento supremo da sua existência, quando resolve deixar seu emprego, seu sustento, seu ganha-pão, para pregar a Palavra, recebe como prêmio um castigo e dos piores? Eu não sei se há dor maior do que um pai ir ao berçário de um hospital, apenas para ver, apenas para constatar que sua filha é a única enferma, a única ferida, frágil, sofrendo e chorando, enquanto as dos outros são tão bonitas.

E como sempre, nos momentos graves, minha família se reuniu na casa da minha avó. À tarde ele chegou. Estava, naturalmente, muito triste, mas disse duas coisas que guardei. A primeira: "Eu vou gostar mais dela do que da outra."

A outra, a quem se referia, era sua primeira filha, uma criança muito formosa. Não creio ser possível gostar mais de um filho que do outro, mas havia um significado mais profundo naquela expressão. Era muito mais que um pai tentando compensar, proteger, extravasar sua dor.

Mais tarde, verifiquei que a essência daquelas palavras iria se refletir no surgimento e na atuação da Igreja Universal, que é decididamente vocacionada a gostar mais do que sofre, do aflito e do necessitado. E logo se começa a buscar as almas perdidas nas encruzilhadas, nas favelas, nos terreiros, nos manicômios, nas catacumbas dos vícios, na miséria das drogas, na falência dos lares destruídos. E salões, galpões, cinemas começam a encher com enfermos, pobres, desempregados, aflitos, endemoniados em busca de alívio e libertação. O povo que andava em trevas viu uma grande luz.

A segunda coisa que disse foi: "Eu não vou ficar com raiva de Deus. Vou ficar com raiva do diabo. Agora mesmo é que eu vou invadir o inferno para resgatar as almas perdidas."

Ali já não era mais um rapaz qualquer, obscuro e anônimo. Ali nascia um líder. Nascia também um povo capaz de enfrentar os maiores desafios, as perseguições mais duras e virulentas. Um povo de fibra e força, que não recua, que não se agacha, que não foge da luta nem teme o sacrifício. Um povo com o olhar cravado nas promessas de Deus para rasgar nos horizontes a perspectiva iluminada do seu destino, determinado, forjado, selado pela fé em Deus. E isso porque, no momento mais difícil, mais cruel, mais duro, um justo viveu pela sua fé!
 
 
 

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